Eu e minha dependência química


Em nossa visita a Piúma no Espírito Santo, fomos conhecer a COTEB (comunidade terapêutica betesda). Uma comunidade que trata de pessoas com dependência química presidida pelo meu cunhado Pedro Thimoteo. Lá ouvimos as histórias dos descaminhos de cada um dos internos e também fomos apresentados ao rígido regime disciplinar ao qual se submetem espontaneamente cada homem que deseja se desintoxicar através dos processos terapêuticos daquela comunidade.

Uma inevitável perplexidade tomou conta de todos nós, produzindo as reações mais adversas. Adriana, minha esposa, veio as lágrimas; Adalberto expressou seu desejo de ver cada um daqueles homens libertos; Thetis compartilhou uma canção e eu fiquei enormemente constrangido com a inquestionável similaridade entre o processo de vida daqueles homens e o meu próprio. Por mais que eu quisesse negar estava me vendo neles...

Assim como cada um deles eu também sou no corpo e na alma dependente de uma química que me engoda, engana, seduz e destrói, que tenta substituir tudo o que tem valor na minha vida e, se não for aniquilada, me leva ao chamado “fundo do posso”. Também preciso de ajuda para vencer o que não posso, não vejo, não percebo, não supero sozinho; preciso recomeçar, desaprendendo para reaprender a lidar com a vida; dilemas, frustrações, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, conquistas e perdas. Zerando completamente tudo para reaprender tudo.

Também preciso me cercar de pessoas que possam me ajudar, e de uma rígida e nova maneira de viver que possa me transformar. Preciso ser arrebatado do meu ciclo destrutivo, asfixiando a dependência que adquiri na independência, sufocando essa natureza decaída e deformada e neutralizando minha própria força, de maneira que fraco seja de novo fortalecido para voltar a viver uma vida que valha a pena ser vivida, abundante, feliz e plenamente.

Qual a minha dependência? Não é o álcool, a cocaína ou qualquer dessas que destroem por fora, minha dependência destrói por dentro. Deixa o espírito franzino, abatido, apático; não adquiri na adolescência, juventude ou em qualquer momento adverso da vida. Nasci viciado e sem que percebesse dependente do pecado. Sim meu vício é a independência, meu algoz que sagazmente me engana e destrói; assim, tal qual qualquer um daqueles homens também preciso ser liberto, curado e restaurado. Também preciso ser mergulhado em betesda, também preciso ser lavado.

Em Cristo, que derramou seu sangue para nos purificar,
Alexandre Itaboraí
Category:

0 comentários:

Postar um comentário

Deixe aqui suas mensagens, elas são muito bem vindas